A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou
na última quarta-feira (2) que não há risco de desabastecimento de fertilizantes
para a safra atual brasileira e que busca alternativas para a safra que se
iniciará em setembro.
O receio de escassez de fertilizantes químicos,
ferramenta usada pelos agricultores para aumentar a produtividade do solo, é
motivado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que restringiu os fluxos
comerciais dos dois países. A Rússia fornece 23% dos fertilizantes importados
pelo Brasil.
Segundo a ministra, para a safra deste ano, não
haverá problemas. "A safra brasileira que acontece neste momento, que é a
safrinha, já está acontecendo. O que precisava de fertilizante, já chegou, já
está com o produtor rural, que já está plantando", disse Tereza Cristina.
A preocupação, segundo ela, é com o abastecimento
para a próxima safra, que começa a ser plantada a partir de setembro.
Por isso, o ministério estuda três alternativas:
diversificar a importação;
utilizar menos fertilizantes — a intenção é contar
com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para ir a
campo e ensinar aos produtores métodos de produção com menor uso de
fertilizantes;
agilizar o fluxo de entrada dos fertilizantes nos
portos.
De acordo com o Ministério da Agricultura, o Brasil
é o quarto consumidor mundial de fertilizantes e importa cerca de 80% do volume
utilizado na produção agrícola.
Em 2021, os produtores brasileiros aplicaram US$
15,1 bilhões em adubos e fertilizantes químicos. Ao todo, foram importados 41,6
milhões de toneladas, segundo dados do Comex Stat, do Ministério da Economia.
O maior volume importado veio da Rússia: 9,2
bilhões de toneladas, o que representa cerca de 23% do total importado pelo
Brasil no ano passado. Em seguida, os maiores exportadores para o Brasil, em
volume de fertilizantes, foram China (15%), Canadá (10%), Marrocos (7%) e
Belarus (6%).
Entre 2020 e 2021, a importação brasileira de
fertilizantes da Rússia cresceu 22%.
Produção nacional de fertilizantes
Entre janeiro e novembro de 2021, de acordo com a
Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), o Brasil produziu 6,3
milhões de toneladas de fertilizantes intermediários — produtos que servem
tanto para uso na lavoura quanto matéria-prima para a indústria de
fertilizantes.
No mesmo período, o país importou 35,6 milhões de
toneladas de fertilizantes intermediários.
A Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República fez um estudo, em 2020, para avaliar os gargalos da
produção nacional.
O documento apontou que, dentre os principais
obstáculos para o desenvolvimento da produção nacional de fertilizantes, estão
a falta de infraestrutura logística para distribuição do produto no país; a
baixa inovação tecnológica do setor; e a falta de conhecimento geológico do
solo brasileiro.
Em janeiro de 2021, o presidente Jair Bolsonaro
assinou decreto criando um grupo de trabalho para elaborar o Plano Nacional de
Fertilizantes, com ações para estimular a produção de insumos e diminuir a
dependência de outros países. Segundo a ministra Tereza Cristina, o plano
deverá ser apresentado no final deste mês.
Fonte: G1 / Agro Notícia - Foto - A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, durante evento no Planalto em agosto do ano passado - Alan Santos/PR
Autoria: Fonte: G1 - Agro Notícia