O prefeito Mario Botion
participou nesta semana de entrevista coletiva para detalhar as investigações
sobre uma organização criminosa que fazia cancelamentos de débitos fiscais
(como dívidas de IPTU) e transferências irregulares de propriedades.
Botion estava acompanhado do promotor de Justiça, Luiz Alberto Segalla
Bevilacqua, que integra o Gaeco, do delegado seccional, Antônio Luis
Tuckumantel, e do delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG)
de Limeira, Leonardo Monteiro Luiz.
A
quadrilha operava há, pelo menos, seis meses, segundo o secretário de
Fazenda, José Aparecido Vidotti, e envolvia - até o momento - 12 pessoas,
incluindo quatro servidores e dois ex-servidores da Prefeitura de Limeira.
Aproximadamente R$ 3 milhões em dívidas de IPTU, entre outros
impostos, foram canceladas do sistema tributário do município, referentes
a 170 contribuintes.
“Nossa
gestão se pauta pela transparência e controle interno, logo que observamos
indícios de irregularidades, abrimos todos os procedimentos internos para
identificar a origem da movimentação”, ressaltou Botion. “Também encaminhamos
uma representação à Delegacia Seccional que desencadeou toda a operação de
hoje”, completou o prefeito. Botion elogiou a atuação da Polícia Civil e do
Gaeco. “Foi um trabalho primordial”. A entrevista coletiva aconteceu na sala de
reuniões do gabinete, no Edifício Prada.
Logo
pela manhã, uma força-tarefa envolvendo a Polícia Civil e o Grupo de Atuação
Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Piracicaba, saiu às
ruas para o cumprimento de 12 mandados de prisão nas cidades de Limeira,
Campinas, Piracicaba e Serra Negra. Até o final da tarde, 9 pessoas foram
presas preventivamente e três estão foragidas. Outros mandados resultaram na
apreensão de computadores, celulares, documentos e R$ 19.500,00 em notas de
reais. Os presos foram interrogados na DIG, e depois levados à carceragem
da Delegacia Seccional de Limeira.
Segundo
o promotor Bevilacqua, bens de alguns dos participantes da organização, como propriedades
e carros de luxo, eram incompatíveis com a renda de funcionário público.
Além dos indícios de “enriquecimento ilícito”, o promotor esclareceu que as
fraudes podem resultar em crimes como organização criminosa, estelionato contra
a Administração Pública, crimes digitais, entre outras. “A quadrilha atuava de
forma criativa e sorrateira, causando danos ao município”, afirmou.
Bevilacqua
ainda fez menção ao nível de periculosidade da organização, ao informar que
integrantes chegaram a ameaçar funcionários que suspeitaram da existência do
esquema. “Servidores foram coagidos”, disse, ao justificar a necessidade da
prisão preventiva dos supostos envolvidos.
Todo
o “modus operandi” da quadrilha foi detalhado pelo delegado da DIG, Leonardo
Luiz. O esquema, conforme ele, atuava em duas frentes. Na primeira, com a
alteração do cadastro e do registro do imóvel, usando para isso assinatura
pública falsa. A partir dessas manobras, os envolvidos alteravam a titularidade
do imóvel.
Na
segunda espécie de delito, a quadrilha cancelava indevidamente tributos em
benefício de diversos contribuintes (170 casos foram identificados até o
momento). Para oferecer esse serviço fraudulento, a quadrilha contava com
operadores ou “corretores do mal” - nas palavras do delegado. Esses operadores
encarregavam-se de captar pessoas interessadas em anular dívidas de impostos.
“Recolhemos
muitos elementos indicando que esses indivíduos participam de fato de uma
organização criminosa, que causou prejuízo estimado de R$ 3 milhões, além de
ter promovido fraude junto aos cartórios de registro de imóveis”, comentou o
delegado da DIG. “O prejuízo é de toda sociedade, por conta disso, houve essa
força-tarefa e o trabalho desenvolvido foi excepcional”, acrescentou.
O
secretário Vidotti informou que, inicialmente, 23 imóveis tiveram a
titularidade alterada. Em sua maioria, eles estavam em situação de abandono ou
pertenciam a pessoas já falecidas, e até mesmo, ao governo federal - estratégia
usada para ocultar eventuais suspeitas.
Botion
observou que todas as movimentações indevidas serão anuladas e que já
determinou a abertura de processos administrativos para apurar a conduta
dos servidores envolvidos. “Continuaremos à disposição da Polícia Civil,
do Ministério Público e da Justiça para esclarecer e disponibilizar as
informações necessárias para dar continuidade a esse processo e avançar na
investigação dos beneficiados pelo esquema”, afirmou o chefe do Executivo.
Também
participaram da coletiva, a vice-prefeita, Erika Tank, um dos sócios da empresa
iiBrasil (que fornece o software do sistema tributário da prefeitura), Matheus
Luiz Leopoldino dos Santos, e ainda, o vereador Everton Ferreira. Por parte do
secretariado municipal, compareceram Daniel de Campos (Assuntos Jurídicos),
Matias Razzo (Urbanismo), Wagner Marchi (Segurança Pública e Defesa Civil), e
Sérgio Moreira (Comunicação Social).
Autoria: Fonte: Prefeitura de Limeira