A
completar 200 anos em agosto deste ano, a Câmara Municipal de Piracicaba
também comemorará outro marco simbólico da cidade, os 130 anos da
regulamentação de uma das primeiras ou a primeira Lei Orgânica Municipal (LOM),
que foi elaborada em 1892, em texto discutido e aprovado pelos vereadores da
era imperial, em sessão ordinária presidida por Manoel Moraes Barros.
De acordo
com o documento anexo, a LOM de 1892 apresentou como assuntos principais a
separação dos poderes entre Executivo e Legislativo e as funções e atribuições
dos incidentes municipais, considerando os intendentes de obras públicas e os
responsáveis pela polícia e higiene da cidade.
Conforme
os anos foram passando, a Lei Orgânica Municipal sofreu alterações e
modificações. Em 31 de julho de 2020, quando Piracicaba completava 253 anos -
conforme link abaixo - a Câmara promoveu evento especial para marcar os 30 anos
da LOM mais recente, elaborada em 1990 sob a ótica da Constituição Federal de
1988, dita como a Constituição Cidadã.
Em 5 de
maio de 2018, por meio da resolução 4/2018, a Câmara instituiu a Comissão de
estudos da Lei Orgânica Municipal de 1990, presidida pela ex-vereadora Nancy
Thame (PV) e ao todo com 13 vereadores como membros. O relatório conclusivo
sobre a revisão da LOM foi entregue em 2020 e a revisão foi aprovada em 2021.
HISTÓRIA
- Moraes
Barros, presidente da sessão camarária que aprovou a Lei Orgânica de 1932
era advogado, agricultor, político, deputado e senador, nasceu em Itu em
1836, era filho de José Marcelino de Barros e Catarina Maria de Moraes e irmão
de Prudente José de Moraes - um dos grandes vultos do passado político e
administrativo piracicabano, que se notabilizou nacionalmente por ter sido o
primeiro presidente Civil do Brasil.
Casado
com Maria Inês, tiveram os filhos: Ana Maria, Paulo, Nicolau, Antonio, Elisa,
Jorge, Leonor, Pedro e Lucia. Manoel Barros estudou na Capital Paulista, no
Colégio de Manuel Estanislau Delgado e cursou, a seguir, a academia de direito,
tornando-se bacharel em 1857.
Nomeado
promotor público de Piracicaba, logo após sua formatura, foi juiz municipal de
1860-1864 e a seguir passou a advogar. Também se notabilizou por ter publicado
o manifesto Quinze Amigos, decisivo para a criação do Partido Republicano de
Piracicaba. Em 1881 hospedou em sua residência a educadora norte-americana,
Martha Watts, vinda a Piracicaba com o propósito da fundação de uma escola, o
Colégio Piracicabano.
Elegeram-no
para a Assembleia Provincial, no biênio de 1884-85. Vereador da Câmara
Municipal local, foi seu presidente, tendo liderado nos anos de 1880 a luta
pela construção do mercado municipal. Fez parte do triunvirato, juntamente com
Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo Pinto de Almeida, assumiu provisoriamente
em novembro de 1889, sob aclamação popular, o governo provincial. Formou em
Piracicaba sua fazenda de café no pau D´alho.
Em 1890
foi eleito deputado da Constituinte da Republica e deputado no Congresso
Nacional. Nas suas duas primeiras legislaturas ordinárias de 1891 a 1896,
coube-lhe a presidência da primeira Câmara Legislativa da União, após a
constituinte. Exerceu em Piracicaba numerosos cargos, entre os quais de juiz de
paz, delegado de policia e inspetor da instrução pública. Em 1895 foi eleito
senador federal na vaga de seu irmão, então empossado como presidente da
República, permanecendo durante sete anos no Senado, até a morte, ocorrida em
1902.
Manoel
Barros também se notabilizou pela compra do edifício da Sociedade Propagadora
da Instrução, que abrigou a Escola Complementar de Piracicaba, origem da escola
normal oficial, e o donativo que ofereceu para a construção do grupo escolar
que tem seu nome, na região central da cidade, praça Jorge Tibiriçá, no
entroncamento das ruas 13 de Maio e José Alferes José Caetano. Está sepultado
em Piracicaba, no Cemitério da Saudade, ao lado de seu irmão, Prudente de
Moraes.
FAZENDA - Ao longo da vida, Manoel
Barros, com as economias que conseguiu como advogado, pôde aos poucos comprar
várias pequenas glebas e assim formar a fazenda Pau D’Alho, localizada entre
Piracicaba e a hoje cidade de Conchas, que chegou a ter 2.500 alqueires de
terra. Ali desenvolveu uma plantação de café, e posteriormente também de cana
de açúcar. Manteve na fazenda uma escola para os filhos dos colonos, inclusive
dos ex-escravizados. Em Pau D´Alho chegou a receber uma leva de imigrantes
italianos. Também recebeu os primeiros japoneses que se aportaram em
Piracicaba, desembarcados em Santos, ao cruzar os mares no navio Kasato Maru, a
partir de 1908. Era integrante da Maçonaria e foi fundador honorário do
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
ACHADOS DO ARQUIVO - a série "Achados do Arquivo" se pauta na publicação de parte do acervo do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, ligados ao Departamento Administrativo, criada pelo setor de Documentação, em parceria com o Departamento de Comunicação Social, com publicações no site da Câmara, às sextas-feiras, como forma de tornar acessível ao público as informações do acervo da Casa de Leis.
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Autoria: Martim Vieira Ferreira Fonte: Câmara de Vereadores de Piracicaba