Dia 17 de abril é a data que se reserva para lembrarmos das pessoas com
Hemofilia. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa a quarta posição no
mundo em número de pessoas acometidas por Hemofilia. São cerca de 13 mil
brasileiros.
De acordo com o Diretor Clínico da Santa Casa de Piracicaba,
especialista em Hematologista e Hemoterapeuta, Andre Gervatoski
Lourenço, a hemofilia é um distúrbio hemorrágico, que afeta a
coagulação do sangue, provocando maior risco de sangramento e tem origem genética
hereditária. “O sangue humano é composto por várias substâncias com funções
específicas, e parte destas substâncias são as proteínas denominadas fatores de
coagulação, que estancam as hemorragias. Quando ocorre ruptura de um vaso
sanguíneo e consequente hemorragia, os fatores de coagulação sofrem uma reação
química que origina o coágulo, responsável pela interrupção do sangramento”,
explica.
Lourenço salienta que existem 13 tipos de fatores de coagulação, nominados pelos algarismos romanos de I a XIII. Quando ocorre rompimento do vaso sanguíneo há ativação desses fatores que agem em sincronismo, e a ativação do primeiro leva à ativação do seguinte até que ocorra a formação do coágulo pela ação dos 13 fatores. “A pessoa com hemofilia apresenta deficiência Fator VIII ou Fator IX da coagulação, denominadas, respectivamente, Hemofilias A e B. Com os fatores em baixa atividade nessas pessoas, a formação da coagulação não ocorre e, assim, os sangramentos demoram muito mais tempo para serem controlados”, enfatiza.
SINTOMAS DA HEMOFILIA - Os sintomas mais comuns são os sangramentos por tempo prolongado que ocorrem após traumas ou de forma espontânea. O sangramento pode ser externo, como quando ocorrem cortes na pele e podemos ver a saída de sangue, ou interno, quando o sangramento ocorre dentro das articulações, dentro dos músculos ou em órgãos internos.
Quando o sangramento, muitas vezes espontâneo, acomete as articulações,
geralmente joelhos, cotovelos e tornozelos, chamamos de hemartrose. Há grande
derramamento de sangue nessas articulações provocando inchaço e dor intensa,
que provoca limitações importantes da movimentação da articulação e consequente
perda de qualidade de vida da pessoa com Hemofilia.
NOVAS PERSPECTIVAS - De acordo com o Hematologista, a Hemofilia é uma doença complexa e avassaladora para o portador desde o primeiro ano de vida. “A família invariavelmente é envolvida num processo doloroso de acompanhamento e tratamento multidisciplinar. O programa brasileiro de atenção aos pacientes com hemofilia é eficiente e encontra-se atualizado, mesmo com as dificuldades que econômicas pelas quais passamos na saúde brasileira. Novas perspectivas estão muito próximas para uma abordagem curativa desta doença”, diz Lourenço.
O tratamento profilático, quando o portador de hemofilia tem o fator em
casa e aplica rotineiramente para evitar sangramento, já foi uma inovação
importante introduzida em 2010 pelo Ministério da Saúde. “Esse tratamento
melhorou exponencialmente a qualidade de vida dos pacientes. Esta abordagem
também diminuiu o risco de complicações em relação ao tratamento exclusivamente
pós hemorragia, que era adotado anteriormente”.
Hoje em dia a ciência busca o caminho para cura da Hemofilia. “Apesar de
ainda estamos em fase de pesquisas, cada vez mais nos aproximamos da cura. A
terapia gênica, que introduz material genético contendo o Gene produtor do
fator VIII ou IX no hemofílico A ou B,encontra-se em fase de estudo clínico em
seres humanos e os resultados são promissores. No Hemocentro de Campinas,
capitaneado pela Dra. Margareth Ozelo, há brasileiros que foram submetidos a
terapêutica com bons resultados”, ressalta André Lourenço.
* Andre Gervatoski Lourenço, diretor clínico da Santa Casa de Piracicaba, especialista em Hematologista e Hemoterapeuta
Autoria: Andre Gervatoski Lourenço Fonte: Santa Casa de Piracicaba