Com o lema “Eu conecto-me, nós
conectamo-nos”, o mundo comemora nesta segunda-feira, 30, o Dia Mundial
da Esclerose Múltipla, data criada pela Federação Internacional
de Esclerose Múltipla para unir a comunidade global de pessoas
afetadas pela doença.
O neurologista clínico e
neurofisiologista da Santa Casa de Piracicaba, Werner Garcia Souza, explica que
a esclerose múltipla é uma doença neurológica, crônica e autoimune; ou
seja, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso
central, provocando lesões cerebrais e medulares que acometem mais de 2,3
milhões de pessoas no mundo.
“Falar sobre a doença ajuda a sociedade
a desafiar as barreiras sociais que fazem com que as pessoas afetadas pela
esclerose se sintam sozinhas e socialmente isoladas”, considerou o
neurologista, lembrando que juntos, é possível defender serviços melhores,
celebrar redes de apoio e promover o autocuidado. “É um dia para celebrar a
solidariedade global e a esperança no futuro”, disse.
Ele revela que a doença é provocada por
mecanismos inflamatórios e degenerativos que comprometem a cobertura protetora
de nervos que revestem os neurônios, podendo deixar incapacitantes adultos
jovens e de meia idade. “A esclerose tem maior prevalência entre 20 a 40 anos,
mas também ocorre em crianças e adolescentes”, esclareceu.
O neurologista revela ainda que a
doença tem predisposição genética e que, com a combinação de fatores
ambientais, como infecções virais, baixa exposição ao sol, exposição ao tabagismo
e a baixa qualidade alimentar associada à obesidade, funcionam como gatilhos
para os surtos causados pela esclerose múltipla.
“As principais alterações
observadas durante esses surtos são a perda de força de um ou mais
membros, dormência e/ou formigamento nos pés e mãos e alterações
no cerebelo como tontura, que pode estar associada a náusea, vômitos, tremores,
alterações na fala, dificuldade para caminhar e desequilíbrio”,
explicou.
Os sintomas da doença dependerão das
áreas de comprometimento do cérebro, medula e nervos ópticos que levam à
alterações cognitivas com esquecimento, alterações visuais, fadiga, de humor,
ansiedade, sensibilidade corporal, equilíbrio, alterações esfincterianas
(com perda de controle de urina e fezes) e na força muscular dos membros com
consequente redução da mobilidade ou locomoção, principalmente quando este
músculo está mais enrijecido.
“Alguns indivíduos podem não apresentar
sintomas severos ou mesmo apresentarem um episódio por quase toda a vida,
enquanto outros têm sintomas crônicos graves que nunca desaparecem”, disse o
neurologista.
“A doença não tem cura, mas tem tratamento com medicações imunossupressoras ou imunomoduladoras que vão controlar a atividade inflamatória do sistema autoimune”, tranquilizou o médico. Ele conta que, hoje, o mercado dispõe de ótimas medicações para tratamento de todas as fases da doença, deixando o paciente estável, com vida praticamente normal.
“Para pacientes com seqüelas, o tratamento não medicamentoso como fonoterapia, avaliação nutricional, terapia ocupacional, hidroterapia, pilates e fisioterapia motora deve ser instituído”, indicou.
Autoria: Fonte: Santa Casa de Piracicaba