Neste Dia Mundial Sem Tabaco, hoe (31), o oncologista Fernando Medina,
do CECAN-Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba, reforça o apelo às
famílias, amigos e parentes de adolescentes para um problema gravíssimo que,
geralmente, começa a se estabelecer nesta fase da vida: o tabagismo.
“O fácil acesso e o baixo preço dos cigarros, a tentativa de ser aceito
por grupos de amigos fumantes, o exemplo de pais e ídolos que fumam e
a falsa impressão de maturidade que o cigarro causa, podem levar o jovem a
experimentar cigarros, com o risco de se tornar um futuro dependente da
nicotina”, alertou o médico ao lembrar que a maioria dos fumantes tem o
primeiro contato com o cigarro na escola.
Este cenário, segundo o médico, levou o CECAN a implantar o programa
“Vida Sem Cigarro”, com atuação de psicóloga, médico e pneumologista no sentido
de estender apoio psicológico e medicamentoso ao paciente tabagista. “Também
vamos às escolas, conversar com crianças, jovens e adolescentes na tentativa de
evitar que o vício se inicie”, contou. Para o oncologista, é preciso combater o
câncer a partir da educação e do conhecimento como molas propulsoras da
prevenção.
Ele lembra que o tabaco desencadeia sérios problemas de saúde, podendo
inclusive levar ao óbito prematuro, e revela que, assim como qualquer
outro vício, largar o cigarro é um desafio complicado e
doloroso, principalmente para quem já fuma há muitos anos.
“Além de ser um fator de risco para o aparecimento de problemas físicos,
como doenças cardiovasculares, bronquite e câncer, o uso do tabaco pode levar a
problemas de saúde mental, como depressão, transtornos de humor e até mesmo
esquizofrenia, caracterizada por alterações de comportamento e episódios de
psicose”, disse Medina.
O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica causada pela
dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco e é, de longe, a
maior causa evitável isolada de adoecimento e morte em todo o mundo.
Segundo Medina, a OMS- Organização Mundial de Saúde aponta que o
tabacomata mais de 8 milhões de pessoas por ano no mundo; sendo mais de 7
milhões dessas mortes associadas ao uso direto deste produto e 1,2 milhão em
decorrência da exposição ao fumo passivo. “No Brasil, são mais de 160
mil mortes anuais atribuíveis ao tabaco, o que representa
443 mortes por dia”, contabilizou o oncologista.
Ao falar sobre a gravidade do vício, Medina disse que o tabagismo é uma
doença que contribui para o desenvolvimento da leucemia mielóide aguda e dos
cânceres de bexiga, pâncreas, fígado, colo de útero, esôfago, laringe e
cordas vocais, rins e ureter, cavidade oral e boca, faringe, estômago,
intestino grosso, traquéia, brônquios e pulmão.
“Além de estar associada a doenças crônicas não transmissíveis, o tabagismotambém contribui para o desenvolvimento de outras enfermidades, como infecções respiratórias, úlcera gastroduodenal, impotência sexual, infertilidade em homens e mulheres, osteoporose e catarata, entre outras”, alertou o médico.
Segundo ele, o custo social associado ao tabaco também é alto. Publicação do Instituto de Efetividade Clínica e Sanitária (IECS) em 2020 estimou que no Brasil as doenças causadas pelo tabagismo custam mais de R$ 125 bilhões ao ano. “Esses custos, na prática, são ainda maiores pois eles não incluem os gastos com ações de prevenção e tratamento para cessação do tabagismo, nem de prevenção e mitigação dos danos sanitários, sociais e ambientais decorrentes da produção de tabaco e do mercado ilegal de tabaco”, considerou Medina.
Autoria: Fonte: Santa Casa de Piracicaba