Uma história que ultrapassa meio
século, tendo como missão oferecer assistência médica à população mais carente.
Esta tem sido a prerrogativa das mais de 2000 Santas Casas de Misericórdia
espalhadas pelo Brasil, onde essas instituições respondem por 51% de toda
assistência SUS; fazendo com que o Dia Nacional das Santas Casas,
celebrado no último dia 15 de agosto, seja uma data muito importante e
especial.
Prova mais recente da relevância
das Misericórdias foi a atuação desses hospitais no atendimento da
pandemia da covid-19, quando mais de 50% da população brasileira que precisou
de assistência médico-hospitalar foi atendida em uma Santa Casa, conforme
recente estudo divulgado pelo Sindhosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas,
Laboratórios e Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo).
A atuação da Santa Casa de Piracicaba
neste cenário foi tão relevante que, em março deste ano, o coordenador regional
do Sindhosp, José Benedito Filho, esteve na Instituição para ressaltar a
importância das ações desenvolvidas nos 18 meses mais críticos da pandemia.
"Os números dessa pesquisa estão reunidos no eBook ‘Uma análise da
pandemia no Estado de São Paulo’, de acesso público pelo site
sindhosp.org.br", esclareceu o provedor João Orlando Pavão.
Ele lembra que, mesmo diante das
dificuldades financeiras enfrentadas durante a pandemia, principalmente por
suspender as cirurgias eletivas para atender as emergências, o hospital se
reorganizou, compartilhou ajuda e não deixou de atender um paciente sequer.
“Desde o início da pandemia, o
planejamento e gestão para situações de emergência foram intensificados para
agir de forma rápida diante das adversidades; não nos faltou nada, nem
equipamentos, nem medicamentos seja para os pacientes, seja para os
funcionários trabalharem com segurança", disse Pavão, deixando claro,
entretanto, a extrema dificuldade pela qual têm passado as instituições
filantrópicas devido, também, aos altos custos com pacientes cardiopatas,
oncológicos e neurológicos, que continuam internados com quadros clínicos
agravados pela covid-19. "Some-se a isso o aumento indiscriminado no valor
dos insumos”, complementou.
Para o diretor-presidente da Fehosp-
Federação das Santas Casas do Estado de São Paulo, Edson Rogatti, além do
valioso suporte à saúde, as Santas Casas têm relevante papel nas
áreas de assistência social e de educação. No Brasil, e em alguns outros
países, foram elas as responsáveis pela criação de alguns dos primeiros cursos
de Medicina e Enfermagem. “Já na atualidade devemos ressaltar que
Santas Casas e hospitais filantrópicos tiveram papel importantíssimo no
atendimento da covid-19. No Estado de São Paulo, por exemplo, epicentro da
doença no País, no ano passado, de janeiro a maio, período mais crítico da
pandemia, há instituições que foram responsáveis por 99,2% dos atendimentos”,
ressaltou.
Para o presidente da CMB- Confederação
das Misericórdias do Brasil, Mirocles Véras, o Dia das Santas
Casas ressalta a importância de mostrarmos o que representa o setor
filantrópico de saúde no Brasil. “Trata-se da maior rede hospitalar do país.
São 1.824 hospitais espalhados pelos mais diversos cantos desse País, sendo
que, em 824 municípios, a Santa Casa ou hospital filantrópico é o único
equipamento de acesso ao cuidado e à assistência em saúde, com uma representatividade
ao SUS de 70% do volume assistencial nos procedimentos de alta complexidade e
mais de 50% dos atendimentos considerados de média complexidade”, ressalta.
Essa rede, segundo Véras, dispõe de 169
mil leitos hospitalares e 26 mil leitos de UTI, sendo responsável por absorver
mais de 5 milhões de internações, 1,7 milhão de cirurgias e mais de 280 milhões
de atendimentos ambulatoriais. Além disso, mais de 3 milhões de pessoas, com
vínculo direto e/ou indireto, trabalham ou dependem economicamente dessas
instituições.
“Na pandemia, essas entidades, mesmo
com muitas dificuldades, não mediram esforços para dar suporte no atendimento
aos pacientes da Covid-19. Somente os filantrópicos abriram mais de 10 mil
leitos para atendimento exclusivo à doença. A rede pública, sozinha, não teria
capacidade para enfrentar a pandemia e os resultados teriam sido ainda mais
desoladores”, completa.
Foto: Antonio Trivelin
Autoria: Fernanda Moraes Fonte: Santa Casa de Piracicaba