Para
contornar as restrições climáticas e potencializar a produtividade no cerrado
brasileiro, o projeto Siflor Cerrado nasce para recomendar ao produtor espécies
florestais e clones para o cultivo do componente florestal em sistemas de
monocultivo e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.
O
lançamento da plataforma ocorreu na tarde da última quarta-feira (16), em
Piracicaba (SP), na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP),
uma das instituições coordenadores do projeto.
“O
Siflor Cerrado identifica espécies arbóreas segundo a aptidão da propriedade.
Isso agiliza o trabalho do produtor, que pode potencializar a produtividade na
sua área”, comenta Luciana Duque Silva, docente do departamento de Ciências
Florestais da Esalq, coordenadora do projeto.
Para
Fabiana Villa Alves, Diretora do Departamento de Produção Sustentável e
Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Siflor
Cerrado cumpre a missão de levar informação consolidada ao produtor. “Essa
tecnologia garante sustentabilidade econômica e ambiental ao produtor baseada
em ciência. Trata-se de uma parceria com diferentes entidades públicas e
privadas que dá ao usuário a oportunidade de tomar decisões acertadas”.
Sidney
Medeiros, auditor fiscal federal agropecuário do MAPA, considera a relevância
da parceria em prol do produtor rural. “A Esalq e seus parceiros propiciaram
essa ferramenta que dará segurança aos produtores na adoção de tecnologias
voltadas às culturas florestais. É uma entrega importante e estratégica para produtores
e técnicos, que reuniu vários atores para o bem comum do produtor rural
brasileiro”.
A
Universidade Federal do Paraná (UFPR) é uma das instituições envolvidas no
projeto e para o professor Sênior Antonio Higa, que atuou com um projeto modelo
no início do século, é importante que essas tecnologias continuem evoluindo e
ajude de fato o produtor. “Apesar de falarmos em Agricultura 4.0, um dos
grandes problemas que ainda persiste para o produtor é saber o que ele deve
plantar na sua propriedade. É muito importante saber que essa ideia continua
evoluindo e hoje conseguimos chegar nesse aplicativo de fácil acesso ao
produtor”.
Tecnologia – O
projeto está formado como aplicativo gratuito que pode ser acessado por
computador ou dispositivos móveis e traz a recomendação de espécies florestais
e clones. Traz ainda dados biofísicos que auxiliam no planejamento da
implantação do componente florestal. Todas essas informações estão disponíveis
por geolocalização, para produtores rurais e profissionais ligados à cadeia de
florestas comerciais.
Todo
o desenvolvimento tecnológico do Siflor Cerrado tem base no ICMC/USP. A
professora Simone do Rocio Senger de Souza integrou a equipe de docentes da
unidade da USP em São Carlos responsável pelo desenvolvimento do aplicativo.
“Recebemos o convite da professora Luciana Duque, que estava desenvolvendo a
pesquisa e precisava do desenvolvimento do software. Aceitamos a proposta, foi
bem desafiador e ao mesmo tempo interessante o fato do projeto ser
interdisciplinar e integrar conhecimentos em uma área que se destina à
sociedade”.
A
equipe de desenvolvedores contou com são egressos do curso de Computação do
ICMC colocaram sua expertise a favor do projeto. Uma das empresas envolvidas no
desenvolvimento foi a Triângulos Tecnologia. O desenvolvedor de produtos
Cristiano Santos contou sobre a sua participação. “Nosso trabalho foi
desenvolver o produto e entender o problema da área de pesquisa envolvida no
projeto para atender o público final. A partir daí pensamos em uma solução agradável
e de fácil utilização”.
Rafael
Lang, desenvolvedor da Langtech, participou na integração dos mapas com as
recomendações ao produtor. “Fizemos os sistemas que disponibilizam a informação
ao usuário de maneira que ele possa ter a real noção do que ocorre na sua
propriedade. É nosso primeiro projeto com sistemas georreferenciados ligados à
agricultura e foi motivador desenvolver tecnologias junto com a academia, que
estão agora disponíveis para a sociedade”.
O
ICMC esteve representado na inauguração do Siflor Cerrado também pelo professor
Paulo Sérgio Lopes de Souza. “Para o ICMC é importante a participação em um
projeto como este. Conseguimos unir atividades de ensino, pesquisa e extensão
em torno de uma ideia de suma relevância para o Brasil”
Além
do aplicativo, o Siflor Cerrado chega ao produtor na forma de livros e
capacitação. “Disponibilizamos também duas publicações que podem ser obtidas
gratuitamente, que trazem o embasamento teórico, a metodologia e o trabalho de
campo e, ainda este ano, oferecemos treinamentos on-line de capacitação para
interessados no projeto”, complementa a professora Luciana Duque Silva.
Espécies – As
recomendações elencadas no aplicativo são baseadas em prospecções de campo.
Estão amostradas cerca de 1.800 parcelas em propriedades rurais localizadas no
Bioma Cerrado, nestas foram avaliadas quantitativamente e qualitativamente 88
espécies florestais e clones, de Eucalipto, Pinus, Cedro australiano, Mogno
africano e Teca.
Stanley
Oliveira é chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, comentou sobre a
parceria envolvendo as instituições de ensino e pesquisa. “Nos sentimos
honrados de participar de um projeto dessa magnitude junto com instituições tão
importantes. O software coroa uma metodologia que está por trás e isso é a agricultura
movida à base de Ciência. É disso que o Brasil precisa, de tecnologias que
beneficiarão muitos brasileiros”.
O
diretor da Esalq, Durval Dourado Neto, destaca que o projeto atende uma demanda
importante da sociedade. “Trata-se de um bom exemplo de extensão universitária,
que utiliza o conhecimento científico como base para subsidiar ações no campo.
Esse projeto responde à pergunta de quais as melhores espécies para viabilizar
o sistema conhecido como Integração Lavoura Pecuária Floresta”. Segundo Durval,
precisamos melhorar nossos sistemas de produção. “É necessário melhorar nossa
produtividade, sem aumentar a área cultivada, e esse sistema atende quase 180
milhões de hectares no Brasil e pode utilizar espécies que tem utilidade
econômica para viabilizar a atividade, principalmente para os produtores de
carne e de leite”.
Equipe – A
iniciativa tem realização da Esalq/USP, Instituto de Ciências Matemáticas e de
Computação (ICMC/USP) e Universidade Federal do Paraná (UFPR) e integra o Plano
ABC - Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, do Ministério de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), com apoio da Embrapa Agricultura Digital. A
estrutura digital envolveu profissionais da Langtech e Triângulos Tecnologia.
Saiba
mais em www.siflorcerrado.com.br/ .
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Ouça o podcast Estação Esalq e acompanhe a entrevista com a professora Luciana Duque Silva, uma das coordenadoras do Siflor Cerrado.
Foto: Divulgação/Fabio Torrezan
Autoria: Caio Albuquerque Fonte: Esalq - Piracicaba